Nesta quarta-feira, 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, data marcada pela memória de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história brasileira e símbolo da resistência negra contra a escravidão. A data é um convite à reflexão sobre os avanços e desafios na promoção da igualdade racial no país, que ainda carrega profundas marcas do racismo estrutural.
Ao longo das últimas décadas, o Brasil tem registrado progressos significativos no reconhecimento e valorização da população negra. Políticas públicas como a Lei de Cotas, implementada em universidades e concursos públicos, ampliaram o acesso da população negra a espaços historicamente negados. De acordo com dados do IBGE, a presença de estudantes negros em universidades mais que dobrou nos últimos dez anos, alcançando 38,2% do total de matrículas no ensino superior em 2022.
No mercado de trabalho, iniciativas de inclusão vêm ganhando força, com empresas promovendo programas de diversidade e ações afirmativas para combater a desigualdade racial. Além disso, o fortalecimento da cultura afro-brasileira, por meio de festivais, exposições e obras artísticas, tem contribuído para o resgate e a valorização da identidade negra.
No entanto, os desafios persistem. Dados mostram que a população negra ainda é a mais afetada pela violência, pela desigualdade salarial e pela exclusão social. Segundo o Atlas da Violência de 2023, 77% das vítimas de homicídios no Brasil são negras. No mercado de trabalho, a diferença salarial entre negros e brancos permanece significativa: pessoas negras recebem, em média, 56% do salário de pessoas brancas ocupando funções equivalentes.
Organizações do movimento negro alertam para a necessidade de aprofundar políticas públicas e combater o racismo estrutural em todas as esferas da sociedade. “Precisamos de mais representatividade nos espaços de poder e decisão, além de um compromisso real com a educação antirracista nas escolas e na formação de profissionais”, destaca Rosângela Santos, ativista e educadora.
O Dia da Consciência Negra é, portanto, mais do que uma celebração: é um marco de luta e resistência. É um chamado para que a sociedade brasileira reconheça seu passado e trabalhe para construir um futuro mais justo e inclusivo. Enquanto os avanços são comemorados, a luta pela igualdade racial continua a mobilizar milhões em busca de um Brasil verdadeiramente democrático e igualitário.
Documentário produzido pela ONU Brasil sobre o dia da consciência negra.