DAMASCO – A capital síria foi palco de um novo capítulo de tensão e desordem nesta segunda-feira, após grupos terroristas que lideraram a queda do regime de Bashar al-Assad realizarem uma pilhagem massiva no Banco Central do país. O ataque ocorreu em meio ao caos político e social que se instalou após a derrubada do governo, evidenciando o vazio de poder e a falta de controle sobre as instituições-chave do Estado.
De acordo com testemunhas e fontes locais, os terroristas invadiram o prédio do Banco Central na madrugada, enfrentando pouca resistência. Relatos sugerem que cofres foram esvaziados e vastas somas de dinheiro, barras de ouro e documentos financeiros foram saqueados. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram homens armados carregando sacos e caixas, enquanto disparos ocasionais ecoam pela cidade.
Especialistas apontam que a pilhagem agrava uma já devastada economia síria. Com o colapso do governo Assad, os sistemas de governança, segurança e infraestrutura econômica praticamente desapareceram, mergulhando o país em uma crise humanitária ainda mais severa.
“Isso não é apenas uma perda financeira. É um golpe na possibilidade de qualquer recuperação econômica para o país a curto prazo”, afirmou Omar al-Hakim, analista político baseado em Beirute. “Com o banco central saqueado, será extremamente difícil estabilizar a moeda ou controlar a inflação.”
Grupos civis organizados também relataram preocupação com o destino dos bens roubados. Além do dinheiro e do ouro, arquivos financeiros críticos foram levados, incluindo informações sobre reservas estrangeiras e possíveis negociações internacionais de dívida.
O ataque reflete o aprofundamento das divisões dentro da Síria pós-Assad. Enquanto alguns comemoram a queda do regime, outros temem que a ascensão de grupos armados mais radicais possa levar a uma nova fase de instabilidade e violência.
“A revolução que prometia liberdade e democracia para o povo agora parece mais um jogo de poder entre grupos armados”, disse uma residente de Damasco, que preferiu não se identificar por motivos de segurança.
A comunidade internacional condenou a pilhagem. A ONU e organizações humanitárias renovaram os apelos para que seja garantida a proteção de civis e instituições essenciais. No entanto, sem uma liderança centralizada no país, as perspectivas de estabilidade permanecem distantes.
Enquanto isso, Damasco enfrenta um cenário de incerteza. Milhares de moradores relatam dificuldades para obter comida, água e outros itens básicos, enquanto o medo de novos ataques aumenta a cada dia.
A Síria pós-Assad, ao que tudo indica, pode estar à beira de um colapso ainda mais profundo.

