Brasil – A votação do Projeto de Lei 159/2017, que torna obrigatório o uso de extintores de incêndio do tipo ABC em carros, ocorre hoje no Senado Federal e já provoca intensa polêmica. O texto chega ao plenário após a aprovação do retorno do DPVAT, acumulando críticas de motoristas e parlamentares que consideram a medida mais um golpe no bolso dos cidadãos brasileiros. Veja vídeo:
Retrocesso ou segurança? Enquanto o senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da proposta, defende a obrigatoriedade como uma medida essencial para a segurança veicular, opositores questionam sua relevância e denunciam o impacto financeiro e burocrático que ela representa. Segundo Braga, “a presença de extintores ABC nos veículos pode ser determinante para coibir sinistros graves” e os custos são baixos em comparação ao valor de um veículo. Ele também destacou que cerca de 17% dos recalls de automóveis no Brasil envolvem riscos de incêndio.
No entanto, críticos apontam que a obrigatoriedade de extintores foi abolida em diversos países por ser considerada ineficaz. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) foi incisivo em sua oposição: “Já não basta a volta do DPVAT? Essa medida desnecessária penaliza ainda mais o cidadão e vai contra especialistas que recomendam o acionamento imediato dos bombeiros em casos de incêndio.”
Impacto no bolso dos motoristas
Se aprovado, o projeto incluirá o extintor ABC na lista de itens obrigatórios do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), exigindo que todos os veículos adquiram e mantenham o equipamento em dia. Para motoristas já afetados pelo retorno do DPVAT, a medida representa mais um custo que pode chegar a R$ 80 por extintor, sem contar os gastos com manutenção e multas por irregularidades.
Especialistas em segurança veicular também questionam a eficácia dos extintores e recomendam que, em situações de incêndio, os ocupantes abandonem o veículo e acionem os bombeiros. “A ideia de que o motorista comum tem condições de combater um incêndio em um carro é irrealista e pode colocar vidas em perigo”, alerta o engenheiro mecânico Paulo Andrade.
Polarização no Senado
A divisão entre os parlamentares é evidente. O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se posicionaram contra a obrigatoriedade, destacando que a medida deveria ser optativa. Valentim afirmou que “o cidadão já paga caro para manter um carro e agora vai enfrentar mais multas e encargos desnecessários.”
Flávio Bolsonaro defendeu que o uso do equipamento deveria ser uma escolha do motorista, sugerindo a apresentação de uma emenda para tornar o dispositivo facultativo.
A quem interessa?
Nas redes sociais, a população manifesta revolta contra o que considera mais um retrocesso. “Quem ganha com isso? Certamente não é o cidadão brasileiro. Estão apenas aumentando custos sem agregar valor real”, escreveu um usuário do Twitter.
A obrigatoriedade dos extintores é vista por muitos como uma imposição sem respaldo técnico claro e que ignora as prioridades da população, especialmente em um momento de crise econômica