Em uma ação sem precedentes, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, apresentou nesta terça-feira (18) uma denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A acusação central é que Bolsonaro teria liderado uma organização criminosa com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, após as eleições de 2022.
A denúncia, composta por 270 páginas, detalha um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía ações extremas como o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. O objetivo seria criar um clima de instabilidade que justificasse uma intervenção militar, mantendo Bolsonaro no poder.
Além de Bolsonaro, outras 33 pessoas foram denunciadas, entre elas o ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. Os crimes imputados incluem abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa armada.
A investigação, conduzida pela Polícia Federal, revelou que o grupo planejava monitorar e assassinar autoridades, utilizando métodos como envenenamento, disparos de arma de fogo e explosivos. O plano envolvia a utilização de veículos oficiais para ações de inteligência contra os alvos.
Em resposta às acusações, Bolsonaro afirmou não estar preocupado e classificou as investigações como perseguição política. O STF analisará a denúncia para decidir se aceita as acusações, o que tornaria Bolsonaro e os demais acusados réus em ação penal.
Se condenado, Bolsonaro poderá enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 28 anos de prisão. Este episódio representa um marco significativo na política brasileira, refletindo os desdobramentos das investigações sobre as tentativas de subverter a ordem democrática no país.