Manaus/AM – Apesar dos anúncios de investimentos e expansão do sistema de abastecimento, a atuação da concessionária Águas de Manaus tem sido marcada por recorrentes queixas da população em relação à qualidade e à continuidade dos serviços. Moradores de diversas zonas da capital amazonense relatam frequentes interrupções no fornecimento de água, muitas vezes sem aviso prévio, causando transtornos significativos no cotidiano das famílias e no funcionamento de estabelecimentos comerciais. A situação se agrava com as frequentes intervenções da empresa nas vias da cidade, que deixam um rastro de buracos e asfalto mal remendado, elevando o descontentamento dos cidadãos.
Em entrevista, um representante da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman) confirmou o recebimento de inúmeras reclamações sobre a má qualidade da recomposição asfáltica após as obras da concessionária, além de questionamentos sobre a taxa de esgoto cobrada mesmo em áreas sem o serviço adequado. Um dos pontos mais críticos abordados por Elton Andrade, diretor-presidente da Ageman, foi a qualidade dos reparos nas vias da cidade após as obras da Águas de Manaus. Segundo o diretor-presidente, a Ageman tem flagrado reiteradamente serviços mal executados, especialmente durante o período chuvoso, onde o asfalto de baixa qualidade utilizado pela concessionária se desfaz rapidamente, abrindo novos buracos e agravando a situação das ruas.
“A qualidade não foi satisfatória, começaram a abrir buraco. Então a Ageman está fiscalizando, identificando esses locais, nós já notificamos a empresa para que eles fizessem esse reparo. Uma vez que eles em alguns lugares desses não cumpriram os prazos, nós já multamos,” revelou Andrade, citando bairros como o Veralves, São Geraldo e Cidade Nova como exemplos de locais onde a concessionária já foi penalizada pela má qualidade dos serviços.
Outra grave falha apontada pela Ageman diz respeito à ouvidoria da agência reguladora. Apesar de o presidente afirmar que houve um alto índice de demandas atendidas no ano anterior, o próprio reconhecimento da necessidade de contar com a colaboração da população para fiscalizar os serviços da Águas de Manaus levanta questionamentos sobre a proatividade e a eficácia dos canais de atendimento. A declaração de um morador durante a transmissão, afirmando que “a ouvidoria não serve,” sugere uma percepção de ineficiência por parte dos usuários, que se sentem desamparados diante dos problemas recorrentes.
A polêmica em torno da cobrança da tarifa de esgoto também foi destaque na entrevista. Elton Andrade reforçou que a cobrança só é legítima onde todas as etapas do serviço – coleta, tratamento e destinação adequada – estiverem plenamente operacionais. A Ageman fiscaliza para verificar se esses requisitos são cumpridos antes de autorizar a cobrança. No entanto, as inúmeras denúncias de moradores que pagam pela tarifa sem ter acesso à rede de esgoto ou com um serviço precário demonstram uma falha grave na aplicação dessa regra, gerando revolta e questionamentos sobre a justiça da cobrança. A Ageman admitiu estar ciente dessas reclamações e realizando a devida fiscalização.