Blog do Moisés Dutra
OpiniãoPolítica

O novo pacto de poder no Amazonas — e o xeque-mate silencioso de David Almeida

O que parecia impossível até pouco tempo começa a tomar forma: David Almeida e Wilson Lima, antagonistas ferrenhos durante a campanha de 2024, podem estar prestes a selar um pacto político que pode não apenas enterrar de vez a guerra virtual que dominou o debate no estado, mas também redesenhar o futuro político do Amazonas.

A entrevista recente de David a um podcast local foi uma jogada calculada. Não apenas admitiu conversas com Wilson Lima, como deixou claro que o acordo está mais próximo do que muitos imaginam. Nos bastidores, fontes palacianas garantem que Omar Aziz já entrou no circuito e as conversas avançaram a ponto de já se falar em nomes e cargos: Omar ao governo, Wilson e Eduardo Braga ao Senado. Uma composição que, na prática, forma um cinturão eleitoral de difícil enfrentamento.

Wilson, enfraquecido por derrotas expressivas nas urnas e por decisões políticas desastrosas, tenta agora costurar uma sobrevida no jogo. A gota d’água foi a surra eleitoral que levou em Manaus e em municípios estratégicos, o que desmontou de vez seu projeto de se consolidar como o novo líder hegemônico do estado.

David Almeida, por outro lado, soube jogar. Foi alvo de ataques pesados durante toda a campanha de 2024, muitos alimentados por operadores digitais alinhados ao Palácio, mas saiu não apenas reeleito — saiu fortalecido. Jogou parado enquanto os outros se desgastavam. Agora, com o baralho na mão, escolhe com quem senta à mesa.

Para aliados de Wilson, a reaproximação com David é, no fundo, um reconhecimento silencioso de que o poder mudou de mãos. Muitos resistem. Há feridas abertas e ressentimentos profundos. Mas, como sempre, a sobrevivência política fala mais alto. Omar Aziz, que já demonstrou habilidade em momentos decisivos, enxergou a oportunidade e se reposiciona como o nome de consenso para 2026.

É prematuro dizer que o jogo está decidido, mas uma nova força política está se consolidando — e o mais intrigante: sem alarde, sem estardalhaço, sem discursos inflamados. Apenas conversas, gestos, acenos. Um acordo silencioso que pode virar grito nas urnas daqui a pouco mais de um ano.

A política do Amazonas entra em nova fase. E os que não entenderem isso correm o risco de continuar brigando com fantasmas do passado, enquanto o futuro é desenhado na sala ao lado.

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