Uma operação da Polícia Federal revelou que duas associações de aposentados teriam forjado mortes de beneficiários do INSS para desviar milhões em recursos públicos. A investigação, segundo o Jornal UOL, aponta que a fraude envolvia o uso de uma funerária como fachada para lavar o dinheiro proveniente de descontos indevidos em aposentadorias.
Segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a funerária Global Planos Funerários recebeu R$ 34 milhões da Caap (Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas) e R$ 2,3 milhões da Aapen (Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional). Ambas as entidades, com sede no Ceará, são investigadas por aplicar descontos sem autorização em contas de aposentados vinculadas ao INSS.
A Justiça Federal autorizou buscas e bloqueios de até R$ 497 milhões das três instituições envolvidas. A PF questiona o número de mortes declaradas pelas associações, que indicariam uma média de 19 óbitos por dia, volume considerado incompatível com a realidade — especialmente porque as entidades nem sequer ofereciam plano funerário aos associados.
Além disso, o relatório aponta que parte do dinheiro repassado à funerária foi transferido para a Clínica Máxima Saúde, pertencente ao genro da tesoureira da Aapen, Maria Luzimar Rocha Lopes. A movimentação financeira sugere que o esquema era usado para lavar os valores obtidos ilegalmente, e Maria Luzimar é apontada como beneficiária direta, não apenas uma laranja.
A operação também revelou que as associações aumentaram exponencialmente o número de associados com descontos em tempo recorde. Uma auditoria da CGU mostrou que quase todos os entrevistados negaram ter autorizado os débitos. A funerária usada no esquema teve o CNPJ encerrado em abril, mês em que foi alvo da operação.