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Opinião: A Erosão da Liderança de Alfredo Nascimento no PL do Amazonas

A crise no diretório amazonense do Partido Liberal (PL) já ultrapassou o estágio das conversas de bastidores e se tornou uma ferida exposta, com sintomas cada vez mais evidentes de desunião, desobediência interna e perda de controle. No centro desse turbilhão está Alfredo Nascimento, ex-ministro e figura histórica da política local, que vê sua liderança escorrer por entre os dedos diante de uma sigla que não parece mais disposta a seguir sua cartilha.

Nascimento, que durante décadas foi nome de peso na política do Amazonas, parece não ter conseguido acompanhar a movimentação das peças no novo tabuleiro. A realidade hoje é que nomes como Capitão Alberto Neto e o vereador Sargento Salazar têm demonstrado independência e visão política mais realista do momento, em contraste com os projetos pessoais e, ao que tudo indica, ultrapassados do cacique do PL.

Alberto Neto, inicialmente cotado para disputar o Senado, repensa sua candidatura ao perceber que o risco político e financeiro é alto demais — e que manter-se na Câmara dos Deputados, onde já construiu base e influência, pode ser uma escolha mais segura e eficaz. A decisão, se confirmada, representa um duro golpe em Nascimento, que apostava nessa candidatura como uma âncora para seu retorno triunfal à Câmara Federal.

Por sua vez, Salazar — vereador mais votado de Manaus — escolhe uma rota ainda mais pragmática: uma vaga na Assembleia Legislativa do Amazonas. Um movimento inteligente, que mantém sua base eleitoral próxima e fortalece sua presença política local. Mais uma vez, um plano que não passa pelas mãos de Alfredo Nascimento, que imaginava o crescimento desses quadros como degraus para sua própria ascensão.

A situação se agrava ainda mais quando lideranças do partido começam a criticar abertamente o governador Wilson Lima, um aliado estratégico que cedeu espaços ao PL em sua gestão. As críticas internas contra o governador, feitas à revelia de qualquer estratégia partidária coordenada, evidenciam um vácuo de comando: Alfredo Nascimento já não dita o tom nem os rumos da legenda.

O que se vê é um partido sem direção clara, onde cada liderança começa a traçar seu próprio caminho — e muitas vezes em rota de colisão com os interesses do próprio presidente estadual. Alfredo Nascimento, que almejava um retorno como protagonista político, pode acabar relegado a coadjuvante de uma nova geração que não parece disposta a pagar pedágio político à velha guarda.

A crise no PL do Amazonas já não é interna. É visível, falada nos corredores do poder e sentida nas movimentações estratégicas dos seus principais nomes. Resta saber se Alfredo Nascimento terá a humildade e a habilidade política para se reinventar ou se, finalmente, chegou a hora de reconhecer que sua influência não é mais suficiente para conduzir o partido em tempos de renovação.

Por fim, fica a lição: política é dinâmica, e quem não se adapta, fica para trás. A liderança se conquista — mas, acima de tudo, se sustenta com base em diálogo, renovação e respeito à realidade. E é exatamente isso que falta, hoje, no comando de Alfredo Nascimento.

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