O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid foram “superficiais e pouco elucidativos” sobre sua própria atuação na tentativa de golpe de Estado. Para a PGR, a delação teve eficácia pontual e, por isso, o réu deve ter redução de apenas um terço da pena, e não dois terços, como previsto para colaborações mais completas.

Segundo Gonet, Cid omitiu informações relevantes, minimizou seu envolvimento e apresentou versões pouco críveis sobre os encontros e mensagens trocadas com articuladores dos atos golpistas. A PGR destaca que o militar participou da redação de uma carta para pressionar o Exército e manteve contato com apoiadores que preparavam manifestações.
Entre os trechos contestados estão mensagens em que Cid menciona um possível “churrasco” financiado por manifestantes e uma previsão de que algo “bom para o Brasil” aconteceria dias antes dos atos de 8 de janeiro. Para a PGR, o colaborador tentou reescrever o contexto de forma a suavizar sua responsabilidade nos acontecimentos.
Apesar das críticas, a Procuradoria ressaltou que a postura de Cid prejudica apenas sua própria situação jurídica, sem comprometer as provas reunidas no processo. Ele é um dos oito réus da ação penal que acusa o grupo de compor o núcleo central da trama golpista liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.