Blog do Moisés Dutra
BrasilOpinião

Governo Lula Pagou R$ 10 Bilhões a Empresa que “Enxuga Gelo” na BR-319

Enquanto a população do Amazonas enfrenta, ano após ano, os mesmos desafios logísticos causados pelo abandono da BR-319, empresas milionárias continuam enriquecendo às custas do problema — e, ao que tudo indica, com a conivência de quem deveria buscar soluções definitivas.

A LCM Construção e Comércio, empresa envolvida na manutenção da rodovia, já embolsou mais de R$ 10 bilhões apenas no atual governo Lula, sem que a estrada tenha apresentado melhorias estruturais reais. Como em um roteiro repetido à exaustão, a cada inverno amazônico a rodovia se desfaz, e logo em seguida surgem novos contratos de “manutenção”. Trata-se de um ciclo vicioso onde se enxuga gelo com dinheiro público — e muito dinheiro, por sinal.

Alvo da Operação Route 156, da Polícia Federal, a LCM agora está sob investigação por suspeitas de fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e direcionamento de contratos. Segundo a Justiça Federal, o presidente da empresa, Luiz Otávio Fontes Junqueira, teria se beneficiado diretamente de esquemas ilícitos, com saques fracionados, interpostas pessoas e contratos firmados em diversos estados do país. Só no Amapá, onde a operação teve foco inicial, são mais de R$ 192 milhões em contratos suspeitos.

O que chama ainda mais atenção é que a LCM foi fundada em 2014, justamente no momento em que os efeitos da Operação Lava Jato levaram grandes empreiteiras à falência. Coincidentemente — ou não —, desde então, a empresa passou a multiplicar seus contratos com o poder público, alcançando mais de R$ 23 bilhões em acordos com a administração federal até o final de 2024.

E se o valor assusta, a origem dos recursos é ainda mais preocupante: mais de R$ 418 milhões vieram de emendas parlamentares, sendo cerca de R$ 71 milhões diretamente ligados ao polêmico “orçamento secreto”. Um sistema turvo, opaco, onde verbas são destinadas sem transparência, favorecendo aliados e perpetuando práticas clientelistas.

A pergunta que se impõe é simples, mas urgente: quem lucra com o caos da BR-319?

Certamente, não é o povo do Amazonas, que depende da rodovia para escoamento de produção, acesso a serviços e dignidade mínima no deslocamento. Tampouco é a Amazônia, que se vê à mercê da falta de planejamento e de obras sustentáveis. Quem lucra — e muito — são os mesmos de sempre: empresários bem relacionados, operadores de gabinete e políticos que utilizam a máquina pública como um balcão de negócios.

A pavimentação da BR-319 não é apenas uma obra de engenharia — é um projeto de soberania, desenvolvimento e respeito à população do Norte. Continuar alimentando esse ciclo de “remendos” com contratos bilionários é uma afronta à inteligência do contribuinte brasileiro.

É hora de romper o ciclo. Não com mais promessas ou aditivos contratuais. Mas com investigação, responsabilização e mudança real na forma como o dinheiro público é tratado.

Afinal, o problema da BR-319 não é técnico. É político. E, principalmente, moral.

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais