O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o Brasil nesta quinta-feira (14), classificando o país como um “péssimo parceiro comercial” e chamando o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro de “execução política”. A declaração foi dada a jornalistas na Casa Branca, durante conversa sobre tarifas aplicadas a países da América Latina e a aproximação deles com a China.
Trump afirmou que o Brasil impõe tarifas “muito maiores” do que as cobradas pelos EUA e que, por isso, produtos brasileiros agora pagam 50% de taxa para entrar no mercado americano. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil registra déficit comercial com os EUA desde 2009, que em 2024 ultrapassou US$ 28 bilhões.
Ao defender Bolsonaro, Trump disse considerar o ex-presidente um “homem honesto” e acusou o Judiciário brasileiro de promover uma “caça às bruxas”. Ele também associou diretamente a aplicação das tarifas ao julgamento em que Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Em julho, o líder americano chegou a enviar uma carta ao político brasileiro reiterando seu apoio e criticando a Justiça do país.
As declarações ocorrem no mesmo período em que o governo dos EUA divulgou um relatório de direitos humanos apontando suposta deterioração da liberdade de expressão e da internet no Brasil. O documento critica o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do STF Alexandre de Moraes e a prisão de apoiadores de Bolsonaro, além de afirmar que tribunais brasileiros adotaram medidas “desproporcionais”.
O relatório, elaborado pelo Departamento de Estado, é divulgado anualmente e serve como referência internacional. Segundo o jornal Washington Post, servidores americanos relataram desconforto com a redação do texto sobre o Brasil, apontando que o conteúdo teria sido “indevidamente politizado” em comparação com versões anteriores. No governo Biden, a avaliação era de que as eleições brasileiras foram justas e livres de irregularidades.