A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta segunda-feira (25) um despacho que proíbe a produção de versões manipuladas de medicamentos biotecnológicos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, usados no tratamento de diabetes e obesidade. A medida atinge também o Rybelsus.
A decisão da agência se aplica especificamente a substâncias biotecnológicas como a semaglutida, que imita hormônios com o auxílio de bactérias geneticamente modificadas. Segundo a Anvisa, a manipulação desses “ingredientes vivos” importados representa um alto risco sanitário, devido à complexidade técnica e à necessidade de garantir pureza e estabilidade.
Atualmente, não há nenhum medicamento com semaglutida sintética registrado no Brasil. Isso torna qualquer manipulação da substância irregular e ilegal. A Anvisa já tem nove pedidos de registro de medicamentos sintéticos de semaglutida e sete para liraglutida, aguardando análise.
O veto é temporário, enquanto a agência define um novo procedimento de importação para os insumos. A importação desses ingredientes biotecnológicos continua permitida apenas para fabricantes que já possuem registro na Anvisa, como a Novo Nordisk (Ozempic) e a Eli Lilly (Mounjaro).
O que dizem as empresas
A farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, classificou a decisão da Anvisa como um benefício para a saúde pública, afirmando que a medida oferece “uma camada de proteção contra os riscos de produtos manipulados de forma ilegítima”.
Em nota, a empresa ressaltou que medicamentos irregulares “não oferecem garantia de pureza, dosagem correta, estabilidade ou esterilidade, podendo resultar em ineficácia do tratamento, reações adversas graves e contaminação”.
O Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) também se manifestou, questionando a capacidade das farmácias de manipulação de realizar o mesmo controle de qualidade da indústria. O sindicato alega ter feito denúncias à Anvisa sobre a “produção em massa de emagrecedores agonistas de GLP-1” por farmácias magistrais.