O novo tratamento contra o Alzheimer com o medicamento donanemabe (Kisunla), da farmacêutica Eli Lilly, já pode ser utilizado no Brasil para tratar pacientes em fases iniciais da doença. A autorização para comercialização foi concedida após a aprovação do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos no fim de julho.
Por enquanto, a aplicação está restrita à rede particular de saúde. O tratamento é feito por infusão intravenosa e é indicado para pessoas com comprometimento cognitivo leve ou em estágio de demência leve causada pelo Alzheimer.
O protocolo, aprovado pela Anvisa em abril, estabelece duas fases:
Primeiros três meses: duas ampolas mensais, ao custo de R$ 5.000 a R$ 6.000 cada.
Do quarto ao 18º mês: quatro ampolas mensais até o encerramento do ciclo, o que pode custar até R$ 24 mil mensais.
Ensaios clínicos de fase 3 indicaram que o Donanemabe pode reduzir a carga de placas amiloides no cérebro e diminuir o ritmo do declínio cognitivo e funcional em estágios iniciais da doença.
Ainda não há previsão de oferta pelo SUS.
Quem pode usar o Donanemabe
Pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência inicial por Alzheimer.
Presença de patologia beta-amiloide, confirmada por PET amiloide ou líquor.
Ausência de homozigose para o gene APOE4 (pessoas com zero ou um alelo E4 podem receber).
Ressonância magnética inicial sem sinais de ARIA (edema cerebral ou micro-hemorragias).
O uso é contraindicado em casos de:
Demência em estágio moderado.
Angiopatia amiloide, micro-hemorragias ou histórico de ARIA.
Homozigotos para APOE4 (risco elevado de sangramento).
Pacientes em uso de determinados anticoagulantes.
Novas perspectivas
Além do Donanemabe, a Anvisa avalia o lecanemabe, já aprovado pela FDA nos Estados Unidos, que atua contra as protofibrilas de beta-amiloide e é aplicado a cada 15 dias. Os EUA também liberaram recentemente uma versão em autoinjetor subcutâneo semanal, indicada após os 18 meses de infusão intravenosa.