Blog do Moisés Dutra
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Morre Berta Loran, aos 99 anos: adeus a uma dama do humor

Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2025 — Faleceu na madrugada desta segunda-feira a atriz e comediante Berta Loran, aos 99 anos. Ela estava internada em um hospital particular em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada.

A notícia da morte repercutiu rapidamente nas redes sociais, com atores e fãs lamentando a partida de uma figura querida no humor brasileiro. 

Origens, vida e formação
• Berta nasceu Basza Ajs em 23 de março de 1926, em Varsóvia (Polônia), em uma família judaica. 
• Em 1937, com apenas 11 anos, ela imigrou para o Brasil junto com seus pais e irmãos, fugindo da escalada de perseguições contra judeus na Europa nazista. 
• Ao chegar ao Rio de Janeiro, instalou-se com a família e, ainda jovem, começou a manifestar interesse pelas artes. 

Carreira artística: do teatro ao humor televisivo

Teatro e os primeiros passos
• Nos palcos de teatro e nas comunidades judaicas, Berta já se apresentava com sua irmã em dupla, e desse ambiente nasceu seu gosto pelo humor e pelas artes cênicas. 
• A estreia em trabalhos de maior visibilidade se deu por meio de teatro de revista, com convites para espetáculos e apresentações maiores. 
• Também morou fora do Brasil: viveu períodos em Buenos Aires (Argentina) e Portugal, onde participou de montagens teatrais e consolidou sua experiência artística. 

Televisão, humor e legado
• Sua estreia na televisão ocorreu ainda nas décadas iniciais do meio no Brasil. 
• A partir de 1966, começou a trabalhar também na Rede Globo, em programas como Bairro Feliz e outras atrações humorísticas. 
• Em sua carreira de humor, Berta se notabilizou por personagens memoráveis e pela versatilidade: chegou a interpretar mais de 2.000 personagens entre teatro e televisão. 
• Alguns de seus papéis mais icônicos foram Manuela D’Além Mar, na Escolinha do Professor Raimundo, e Frosina, na novela Amor com Amor Se Paga. 
• Participou de uma gama de programas de humor: Balança Mas Não Cai, Planeta dos Homens, Faça Humor, Não Faça Guerra, Zorra Total, entre outros. 
• Mesmo em idade avançada, continuou ativa: fez participação especial em A Dona do Pedaço e manifestou desejo de permanecer atuando. 

Vida pessoal, desafios e voz marcante
• Em 1957, adquiriu a naturalização brasileira. 
• Foi casada três vezes:
 • Com Suchar Handfuss (casamento em 1946), com quem teve divergências e acabou se separando. 
 • Em 1963, casou-se com Júlio Marcos Jacoba; o casamento durou até 1988. 
 • De 1990 a 2016, foi casada com Paulo de Carvalho; desde 2017 estava casada com Claudionor Vergueiro. 
• Em sua trajetória, Berta admitiu ter realizado dois abortos durante o primeiro casamento, por razões pessoais e financeiras. 
• Ela enfrentou desafios de saúde ao longo da vida, inclusive procedimentos como histerectomia devido a infecção uterina. 
• Nos últimos anos, viveu de modo mais reservado, evitando entrevistas e aparições na mídia. 
• Em entrevistas anteriores, ressaltava o humor como essência de sua arte: dizia que para ser humorista não basta rir — “é preciso medir o tempo da fala” e “nunca rir durante uma piada”, para não perder a graça. 

Reconhecimento, homenagens e legado
• Em 2016, ao completar 90 anos, foi homenageada com o livro “Berta Loran: 90 anos de humor”, que trouxe entrevistas, relatos e registros de sua trajetória. 
• Sua carreira foi celebrada em documentários, exposições e eventos culturais em sua homenagem. 
• A Memória Globo mantém perfil de Berta, reconhecendo sua importância para a história do humor e da televisão no Brasil. 
• Ao longo de décadas, ela quebrou barreiras para mulheres no humor, imprimindo identidade, sotaque e irreverência em seus personagens.

Repercussão e despedida
• Diversos colegas de profissão e fãs se manifestaram nas redes sociais, prestando homenagem e destacando o legado deixado por Berta.
• Em publicações, é lembrada como uma “mestra”, “resistência” e voz única no humor brasileiro.
• Embora a causa oficial da morte ainda não tenha sido divulgada, a data marca o fim de uma era no teatro, no humor e na cultura brasileira.

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