Blog do Moisés Dutra
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Hamas diz que desarmamento é inegociável e põe plano de Trump em risco

O plano de paz para Gaza proposto pelo presidente norte-americano Donald Trump enfrenta um obstáculo significativo: a questão do desarmamento do Hamas. Um alto funcionário do grupo islâmico palestino reiterou à Agência France Press neste sábado que “a proposta de entrega de armas está fora de questão e não é negociável”, demonstrando a firme resistência do Hamas em ceder um de seus pilares de poder.

O desarmamento do Hamas é uma das condições centrais do plano, que busca encerrar a guerra que se arrasta por dois anos no enclave. No entanto, o grupo palestino tem alertado consistentemente que nunca aceitará depor suas armas, invocando o direito dos palestinos à autodefesa. O presidente Trump chegou a afirmar que o desarmamento seria discutido na segunda fase do acordo de cessar-fogo.

A intransigência do Hamas no tema do desarmamento é motivada pela preocupação de se tornar vulnerável. Caso o grupo se desarme, analistas apontam que ele ficaria exposto não apenas a ataques de Israel, mas também a eventuais represálias de outros grupos armados em Gaza, que disputam a dominância no território. Um sinal dessa rivalidade foi o recente combate, em 3 de outubro, em Khan Younis, onde combatentes do Hamas se envolveram em confronto com o clã al-Mujaida, uma das maiores famílias do sul da Faixa de Gaza. O ataque foi repelido com a ajuda de tropas israelenses, destacando a complexa dinâmica de segurança interna do enclave.

Apesar dos impasses, o plano de paz de Trump, que conta com o apoio de países árabes e muçulmanos da região, prevê que a Faixa de Gaza seja administrada por um governo de transição até que a Autoridade Palestina conclua um “programa de reformas” e “possa retomar o controle de Gaza de forma segura e eficaz”.

Enquanto o futuro político da Faixa de Gaza permanece incerto, Israel, por sua vez, já demonstra preparativos para a etapa atual do acordo. Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, garantiu na sexta-feira que o exército israelense, embora esteja recuando em cumprimento ao acordo de cessar-fogo em vigor (primeira fase do plano), está “bem preparado para regressar ao combate” caso o grupo islâmico mantenha o controle de Gaza após o fim da guerra, sinalizando a fragilidade do cessar-fogo.

O principal receio dos analistas é a eclosão de um autêntico caos armado na Faixa de Gaza, dada a complexidade de desmantelar a infraestrutura armada do Hamas e garantir um poder civil estável.

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