A Polícia Civil do Amazonas deu mais detalhes sobre a prisão de um homem de 33 anos, cuja identidade não foi revelada, que mantinha um “casamento” com uma criança de 11 anos no Amazonas, com autorização do pai. A operação, deflagrada em uma comunidade ribeirinha no Rio Mana Capuru, culminou na prisão em flagrante do homem de 33 anos e do pai da vítima, uma criança que, no início da união, tinha apenas 10 anos de idade. O que choca as autoridades é o fato de o relacionamento ter ocorrido sob o mesmo teto da família e com a expressa autorização dos genitores.
A denúncia chegou à Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) por meio do Conselho Tutelar, indicando que a criança estava em convivência marital, configurando o crime de estupro de vulnerável continuado. De acordo com a delegada responsável, a irmã da vítima relatou que a união durava sete meses. O pai não só permitiu a situação, como, segundo a própria criança, apresentou o homem à filha e a instruiu a aceitar o namoro. O pai foi preso por ter sua omissão considerada penalmente relevante, sendo responsabilizado criminalmente por estupro de vulnerável.
“De acordo com a fala da vítima, o próprio pai teria levado esse homem para dentro de casa, apresentado para a filha e dito para ela aceitar esse namoro”, disse a delegada responsável pelo caso, Joyce Coelho.
A tragédia deste caso vai além do crime em si. O suspeito confessou em depoimento que pediu a criança em namoro e que os pais haviam autorizado a união, passando a morar na casa e a dividir a mesma rede com a vítima. “O pai, infelizmente, encorajava essa situação, fazia questão, fez com que a criança aceitasse esse namoro, esse casamento, já que eles dividiam ali naquele lugar a mesma rede, conforme fala da vítima e da própria irmã”, continuou a delegada.
Segundo a Polícia Civil, o caso não envolveu vantagem financeira, mas sim uma “realidade nua e crua” de naturalização da violência e falta de indignação em certas comunidades. A mãe também está sendo investigada, embora tenha demonstrado desaprovação.
A criança foi resgatada e acolhida pelo Conselho Tutelar, sendo encaminhada para exames médicos e atendimento psicológico. Tanto o companheiro quanto o pai da vítima foram indiciados por estupro de vulnerável, com pedido de prisão preventiva, para que o caso sirva de exemplo. As autoridades reforçam a importância de não naturalizar e de denunciar incondicionalmente esses crimes hediondos, que muitas vezes afetam a criança e se perpetuam por gerações, devido à banalização da violência dentro do próprio ambiente familiar.

