Manaus, 14 de novembro de 2025 — A chef, empresária e escritora Charufe Nasser, uma das figuras mais emblemáticas da gastronomia do Amazonas, morreu na manhã desta sexta-feira, aos 79 anos, no Hospital 28 de Agosto, em Manaus. Reconhecida por transformar receitas regionais em banquetes memoráveis, Charufe construiu ao longo de décadas uma carreira que marcou a história cultural e culinária do estado.
Segundo informações divulgadas por familiares e amigos próximos, a cozinheira procurou atendimento médico no início da semana após sentir fortes dores no peito e na cabeça. Apesar de passar por exames, as dores persistiram e seu quadro se agravou. Ela estava internada na rede pública, já que não possuía plano de saúde.
Filha de imigrantes árabes, Charufe encontrou na cozinha amazônica seu território de criação. Entre os anos 1980 e 2000, comandou restaurantes e serviços de buffet que se tornaram referência em Manaus, atendendo eventos sociais, culturais e governamentais. Seu nome tornou-se sinônimo de grandes celebrações e de uma culinária que unia tradição familiar, ingredientes regionais e requinte.
Entre seus pratos mais famosos estava a tartaruga guisada, preparada com temperos característicos da cozinha local, como alfavaca, coentro, cheiro-verde e chicória. A chef também dedicou parte da vida à escrita, publicando livros como A Sultana do Seringal, autobiografia romanceada, e Banquete de Lendas, obra que reúne receitas, versos e narrativas da culinária amazônica.
Sua morte gerou grande comoção entre chefs, artistas, autoridades e admiradores. O Governo do Amazonas divulgou uma nota de pesar destacando sua contribuição para a cultura gastronômica do estado. “Charufe Nasser elevou a culinária regional a novos patamares e ajudou a contar a história do Amazonas por meio dos sabores”, diz o texto.
O legado da cozinheira permanece vivo não apenas em suas receitas, mas na influência que exerceu sobre novas gerações de chefs e cozinheiras que hoje seguem valorizando a culinária cabocla. Charufe deixa uma trajetória marcada pela criatividade, pela identidade regional e pelo impacto profundo no setor gastronômico do Amazonas.
Informações sobre velório e sepultamento ainda não foram divulgadas pela família.