Documentos obtidos pelo g1 revelam que o universitário Edcley Teixeira, responsável por antecipar questões do Enem 2025, pagava R$ 10 a estudantes que participariam do Prêmio Capes Talento Universitário para que memorizassem itens da prova. As mensagens enviadas por ele a esses jovens incluíam pedidos para registrar imagens, contextos e conteúdos das perguntas, sem informar que o material seria utilizado para prever questões do exame nacional.
A estratégia permitiu que Edcley exibisse, em uma live realizada cinco dias antes da aplicação do Enem, ao menos cinco questões de matemática e ciências da natureza com grande semelhança com as que apareceriam na prova oficial. Após a revelação do esquema pelo g1, o Inep anulou três dessas questões por similaridades identificadas e acionou a Polícia Federal para investigar uma possível quebra de sigilo ou conduta de má-fé.
Relatos de alunos mostram que o estudante de medicina oferecia passagens para que eles participassem do concurso da Capes e insistia para que memorizassem “o maior número de perguntas possível”. Comprovantes de pagamento e conversas em aplicativos confirmam os repasses de R$ 10 por item lembrado, com promessas de valores maiores para respostas mais detalhadas. Ex-colegas e ex-alunos também confirmaram o método adotado por Edcley.
A partir do conteúdo recebido, ele produziu apostilas, cursos e materiais vendidos por até R$ 1.320, anunciados como “questões pré-testadas que podem cair no Enem”. Procurado pelo g1, Edcley não respondeu às tentativas de contato. Em nota divulgada pela TV Verdes Mares, sua defesa afirmou que ele está à disposição das autoridades e confia que a apuração demonstrará a inexistência de atos ilícitos.
Segundo o Inep, embora nenhuma pergunta tenha sido reproduzida integralmente na prova de 2025, foram encontradas “similaridades pontuais” entre itens divulgados pelo universitário e questões aplicadas. A Polícia Federal já foi acionada para investigar a autoria do vazamento, e o caso segue em apuração.