Blog do Moisés Dutra
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Jovem que morreu em jaula de leoa queria voltar à prisão, revela diretor de presídio

O jovem Gerson de Melo Machado, 19 anos, que morreu no último domingo (30) após entrar na jaula da leoa Leona, no zoológico de João Pessoa, havia procurado a polícia dias antes pedindo para ser preso novamente. A informação foi revelada por Edmilson Alves, diretor do Presídio do Roger, onde o rapaz — conhecido como Vaqueirinho — já havia sido detido três vezes.

Segundo Edmilson, no dia 24 de novembro, Gerson foi levado à Central de Flagrantes após quebrar a tela de um caixa eletrônico. O diretor afirma que o jovem, que tinha diagnóstico de esquizofrenia, cometeu o ato justamente para voltar à prisão.

“Ele dizia que não aguentava mais ficar na rua, que não tinha ninguém”, contou em entrevista ao colunista Carlos Madeiro, do UOL.

Como o dano ao equipamento não justificava prisão em flagrante, Gerson atirou um paralelepípedo contra uma viatura policial e retornou à delegacia insistindo em ser detido. Ele chegou a ser preso, mas ficou somente na Central de Polícia e foi solto no dia seguinte, após audiência de custódia que determinou encaminhamento ao Caps.

De acordo com Edmilson, o presídio era o único espaço onde Gerson tinha acesso a cuidados mínimos — alimentação regular, consultas médicas e acompanhamento psiquiátrico.

“Ele dizia que a gente era a família dele. Mas a prisão não era o lugar ideal para alguém com o problema dele”, afirmou.

Após a última soltura, o diretor levou o jovem até a casa da avó, no bairro Mangabeira, mas a família não tinha condições de acolhê-lo. Gerson estava há quatro dias sem medicação e apresentava crises agressivas frequentes. No presídio, ele chegou a participar de atividades diárias que ajudavam a manter certa estabilidade.

Edmilson descarta a possibilidade de suicídio no episódio do zoológico.

“Ele era como uma criança. Não queria morrer. Desceu ali para brincar, para tentar domar a leoa”, disse.

Para o diretor, a morte do jovem foi uma tragédia anunciada, resultado da falta de acompanhamento adequado.

“Se ele tivesse sido levado a um local de cuidado, como uma fazenda terapêutica, isso poderia ter sido evitado. A gente só age quando todo mundo já falhou antes”, lamentou.

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