O ex-governador venezuelano Alfredo Díaz, uma das figuras mais influentes da oposição ao regime de Nicolás Maduro, morreu neste sábado (6) no centro de detenção de El Helicoide, em Caracas. A informação foi confirmada pela ativista de direitos humanos Elisa Trotta, que classificou o caso como mais um exemplo da “morte lenta” imposta a adversários políticos encarcerados pelo chavismo. Díaz, que governou o estado de Nueva Esparta e era filiado ao partido Acción Democrática, estava preso desde 2024. Segundo aliados, ele sofria de problemas cardíacos e teve diversos pedidos de atendimento médico negados pelo governo venezuelano. A causa oficial da morte foi infarto.
A ativista Elisa Trotta afirmou que Alfredo Díaz é “mais um inocente assassinado lentamente por esta narcotirania”, destacando que mais de dez presos políticos morreram sob custódia desde as eleições de 2024. O caso voltou a expor o clima de tensão e abusos cometidos pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), responsável pela administração de El Helicoide, considerado um dos centros de detenção mais temidos do país.
Líderes oposicionistas também reagiram. Leopoldo López acusou o regime de negar tratamento médico essencial ao ex-governador, enquanto o ex-prefeito Antonio Ledezma disse que Maduro tinha conhecimento das condições de saúde de Díaz, mas optou por ignorá-las. A vice-presidente Delcy Rodríguez também foi alvo de críticas. O exilado político David Smolansky atribuiu a ela responsabilidade direta pela deterioração e morte de Díaz, já que o Sebin integra sua estrutura de comando.
A morte de Alfredo Díaz provocou forte indignação na oposição. O partido Voluntad Popular afirmou que o episódio revela a verdadeira face de um sistema que “persegue, silencia e destrói vidas para se manter no poder”. Já o Acción Democrática classificou a prisão do ex-governador como injusta e politicamente motivada. Organizações internacionais de direitos humanos também passaram a repercutir o caso, apontando para um padrão sistemático de violações dentro das prisões controladas pelo governo Maduro.
Alfredo Javier Díaz Figueroa teve uma longa trajetória política em Nueva Esparta. Iniciou a carreira como vereador, tornou-se prefeito do município de Mariño — um dos mais importantes da região — e, posteriormente, governador do estado. Sua projeção nacional veio da firme oposição ao chavismo, o que o transformou em alvo frequente do regime. Mesmo após deixar o governo estadual, Díaz continuou atuante politicamente, sobretudo na Ilha Margarita, onde mantinha forte base eleitoral. Sua ligação com o Acción Democrática reforçou seu papel como uma das vozes mais articuladas contra o autoritarismo de Maduro.
Preso desde 2024 em El Helicoide, centro repetidamente denunciado como local de tortura, Díaz relatava problemas de saúde agravados sem receber atendimento adequado. Sua morte reacendeu alertas sobre a situação dos presos políticos na Venezuela.
Segundo a ONG Foro Penal, o país registrava, até 10 de novembro de 2025, um total de 882 presos políticos, um dos maiores números da América Latina. Esse contingente oscila semanalmente devido às constantes prisões de opositores, especialmente após a contestada eleição presidencial de julho de 2024, quando Maduro foi declarado vencedor.
A morte de Alfredo Díaz adiciona mais um capítulo à escalada repressiva na Venezuela, intensificando denúncias internacionais de violações sistemáticas de direitos humanos e aprofundando a crise de confiança no sistema penal do país. A pressão internacional e a mobilização de entidades civis devem aumentar nas próximas horas, enquanto a oposição exige responsabilização e atendimento médico imediato para todos os detidos sob custódia do regime.

